Uma simples bola.



   No distante ano de 1955, o então jovem Vicente Oliveira que trabalhava no Paraná, de regresso a sua terra resolveu trazer entre suas bagagens uma “bola de capotão”, até então artigo estranho para os que aqui habitavam. Conversando com os amigos Vicente e os companheiros resolveram procurar um local para que pudessem praticar um esporte desconhecidos para todos ali, tal de futebol.
   Pensaram, ponderam e decidiram:
_Vamos fazer um campinho ali no Jatobá. Próximo a casa de Hermano. Tem várias garotas morando lá perto. Elas vêm assistir nosso jogo_ Foi o argumento aceito e ali criado o campo. Nos finais de semana era aquela farra. O povo daquela região aparecia no local para assistirem a “pelada”. Mas para tristeza daqueles rapazes ávidos por um “flerte” as garotas não apareceram no local. Os pais não permitiram, pois os “atletas” usavam calções que para a época era um traje indecente para serem vistos pelas moças.
  Vicente como já conhecera o esporte, pois praticara em sua estadia no Paraná era o craque dos “babas”. Pegava a bola como um craque e dominava todas as ações marcando praticamente todos os gols das partidas.
_Não tem graça desse jeito. Só eu que sei jogar! Se continuar assim todos vão desistir de jogar bola aqui_ Pensou Vicente. Para minimizar tal situação bolou um plano:
_ Vou deixar eles tomar a bola de mim!
E assim o fez. Deixava os companheiros tomarem a bola e realizarem também as suas jogadas. Quando isto acontecia ouvia-se os gritos eufóricos:
_Muito bem!! Tomou a bola de Vicente!
   Aquele lance era como um belo gol. Com o passar do tempo os jogadores começaram a se desenvolver e com isso aparecerem outros destaques. Existiam jogadores de todos os tipos, com as mais diversas habilidades e,  os mais diversos apetrechos. Mas nada que se comparava ao atleta Otávio. Este se diferenciava dos demais, pois como zagueiro dos mais “cherifões” levava sua função ao “pé da letra”. Enrolava as barras da calça até os joelhos e na cintura um facão reluzente.
  Todo aquela diversão perdurou por mais ou menos um ano naquele local, pois tiveram a idéia de construir um campo em outra localidade (onde hoje é a praça pública de Varzinha). Ali, pensavam, poderia atrair mais pessoas, pois era um local próximo a outras localidades como: Barrerinho, Barreiro Grande, Cabeça da Onça, Cafundó entre outros.
 Tudo foi feito como o combinado. Juntaram-se os apreciadores do esporte, derrubaram a densa mata que havia no local e construíram o novo campo. E, como pensaram aconteceu. Juntaram muitas pessoas nos dias de jogos e para aqueles empreendedores da época estava ali a oportunidade de um faturamento extra. Algumas das mulheres traziam seus bolos dos mais diversos sabores para serem vendidos durante aquela movimentação. Outros, traziam de Rio do Pires da Fábrica Cruzeiro do Sul bebidas diversas. Assim o movimento de pessoas começou a crescer naquele local. Próximo dali sob a copa de um frondoso juazeiro começara nos dias de domingo um princípio de comércio onde era vendido de tudo um pouco. No ano de 1957, tiveram a idéia de transformar aquele campo de futebol em um comércio (como  era chamado na época).
   Transferiram mais uma vez o local das tão disputadas partidas de futebol para um terreno plano bem próximo dali (local onde está situado até hoje). No dia 27 de outubro de 1957 ocorreu ali a primeira feira livre. E assim, começou também a formar um aglomerado de pessoas. Muitos construíram casas naquele local formando aos poucos um pequeno aglomerado de pessoas ao qual deram o nome de Varzinha.

Relatado por: Vicente Oliveira

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