Eu te benzo, eu te curo!

Imagem ilustrativa


__Corre lá em D. Fiinha leva este menino pra benzer. Ele tá pegando fogo!__Estas eram as palavras que sempre se ouviam pelo interior Brasil afora. Sempre tinham aqui ou ali aquelas pessoas afamadas na região por realizar façanhas diversas. Tinha aquela senhorinha, lá no pé da serra, a qual trazia ao mundo muitos daqueles ali viventes. E o seu João que sabia de tudo sobre “os matos” usados para curar as enfermidades daquela gente. Certa feita aconteceu um fato curioso com um de nossos personagens. Quem me relatou esta passagem foi uma neta de D. Fiinha , a benzedeira mais requisitada da região. Certa tarde quando ouvia música tranquilamente repousada em sua rede quase adormecendo ouve as palmas e o grito:
      __D. Fiinha, D. Fiinha!! Ô D. Fiinha!
      __Madrinha num tá em casa não. Saiu pra roça__Respondeu Teca, a neta de D. Fiinha.
      __Tô cum cansaço miserave desde ontonte! Uma moleza no corpo. Queria que ela passasse o ramo ne mim__Completou seu Rosalvo aflito por não encontrar a D. Fiinha.
     Aquela altura dos acontecimentos a neta já estava aflita, pois queria ouvir música e descansar um pouco e, sabia, que aquele homem não sairia dali até que a sua avó regressasse. E pelo que sabia de D. Fiinha iria demorar bastante. Então, Teca teve uma idéia.
     __Entra, seu Geraldo. Madrinha Fiinha vai demorar, mas se quiser eu posso rezar o senhor.
     Seu Geraldo assustado retruca:
     __Mas ocê sabe benzer tomem?
     __Sei sim.Madrinha me ensinou. Já inté curei a cadela da sua fia__Emendou a esperta garota.
    Seu Geraldo entrou meio ressabiado, sentou-se a cadeira.Teca foi ao quintal e tirou um ramo de uma planta que ali existia e pôs-se a balançá-lo sobre a cabeça do paciente e a pronunciar palavras indecifráveis.
     __Pronto seu Geraldo! Daqui a pouco o senhor tá melhor__Disse a garota com um leve sorriso nos lábios.
     __Já!? D. Fiinha demora mais__Comentou surpreso seu Geraldo.
     __É porque ela tá meio velha, esquecida!
    O seu Geraldo não ficou totalmente satisfeito, porém não tinha mais nada a fazer:
     __Obrigado, fia! Que Deus pague vosmecê.
    Os dias se passaram aquele fato curioso caiu no esquecimento de Teca. Certa dia andava a garota pela estreita estrada do roçado quando depara com um garotinho a gritar aflito com um embrulho a tiracolo:
    __Teca, Teca!
  Tratava-se de Zequinho o neto do seu Geraldo que alcançou a garota e disse-lhe:
    __Oia, aqui. Este aqui é um frango dos mió que padim manda procê. Ele falou que tá muito agradecido pelo benzimento que ocê fez nele. Ele sarou foi na merma hora.
     __ Obrigado! Fala com ele que quando precisar nós tá aqui.

    Todo este relato é verdadeiro e aconteceu a alguns anos num povoado próximo.O que teria acontecido? Coincidência ou realmente Teca herdara da avó aquele dom.

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